No ambiente de trabalho, especialmente nos momentos em que estamos vivendo de home office, é preciso ajustar o discurso para que a comunicação entre os colegas de trabalho seja menos violenta   

Muito tem se falado sobre Comunicação Não Violenta (CNV) nos últimos meses. Em especial porque ela tem sido importante em tempos de distanciamento social e pandemia do Covid-19. As pessoas estão mais tensas, estressadas e se comunicando muito através de meios digitais, o que, por vezes encoraja a falar com maior sinceridade e até mesmo rispidez. 

Por essa razão o assunto, hoje, é ainda mais importante de ser discutido.  

O termo CNV foi criado por Marshall Rosenberg, psicólogo comportamental americano, e tem como base os princípios de não-violência de Gandhi. Esse tipo de comunicação pode ser desenvolvida e exercitada em diversos momentos da vida, como por exemplo, no simples fato de ouvir primeiro antes de expressar qualquer opinião acerca da mensagem. Interromper uma fala é exatamente o contrário, uma forma violenta de fazer-se ouvir. O psicólogo Linkoln Sois, especializado em análise do comporto relembra que  

"No caso dos diálogos por meios virtuais, a Comunicação violenta está diretamente ligada ao discurso de ódio, porque vivemos em um país com liberdade de expressão e de imprensa mas muitas pessoas acabam confundindo esses termos com discursos rudes baseados em preconceitos e falta de empatia. Esse comportamento acaba sendo encorajado na internet por conta da falta sensação de proteção que o universo virtual nos trás".   

CNV no Trabalho  

Comunicar-se com tranquilidade é uma nova postura diante da vida, de si mesmo e dos outros. Esse comportamento faz cada vez mais sentido para dentro das empresas neste momento de pandemia, porque, afinal, gerenciar equipes a distância não é tarefa fácil e uma comunicação não-violenta é essencial para que as atividades sejam executadas de forma eficaz. 

É sempre importante lembrar que quem faz a organização funcionar e as ações acontecerem são os colaboradores, por isso, é básico pensar que se comunicar com este público de maneira agressiva é caracterizado como um erro. Para isso, comece a exercitar a escuta ativa, a ouvir de forma empática e compreender a hora de falar e a forma de o fazer.  

Este é um período interessante para exercitar a comunicação não-violenta, principalmente em meio a atividades home-office. Uma dica que se pode utilizar é aproveitar para criar momentos que façam a conexão física estar presente, como por exemplo, iniciar as reuniões com assuntos que não sejam de trabalho, quebrar o gelo com perguntas divertidas e pessoais, praticar a escuta ativa e ouvir sem interromper. 

Além disso, separe um tempo para absorver tudo o que está acontecendo e perceba quais são os impactos que surgiram em sua vida, na da sua empresa e na de seus colaboradores. Olhe para as suas necessidades, facilita na hora de lidar com tudo. 

Feito isso, fale sobre tudo o que absorveu e concluiu, traga a sua vulnerabilidade para permitir que sua equipe também faça o mesmo. Lembrando-se sempre que toda mudança gera desconforto, mas ao mesmo tempo se torna uma das melhores oportunidades para inserir novos hábitos, conhecer mais sua equipe e reacender o lado humano perante as situações. 

Linkoln Sois ainda explica que cada pessoa precisa aprender a lidar melhor com as emoções para que sua forma de se comunicar seja mais efetiva e tranquila. 

"Existem pré-requisitos que o sujeito precisa adotar para uma comunicação não violenta: inteligência emocional, assertividade na forma de expressar os sentimentos de forma a não ferir o outro e gestão de sentimentos pessoais de forma a não explodir quando precisar se expressar", aponta.